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Frágil e gigante

  • Foto do escritor: Paulo Silva
    Paulo Silva
  • 1 de jun. de 2018
  • 1 min de leitura

Imagem: Geralt/ Pixabay

Aconteceu no ônibus, nesta sexta-feira. Ela vinha sentada, quase deitada no primeiro banco à direita, lado do sol, ao meio dia. Olhos fechados, boca semiaberta, parecia dormir.

Comentei com a pessoa sentada ao lado:— Ela adormeceu com todo esse sol. Falei muito baixo, sem expressão. Apenas um comentário.

— Estou rezando. Ela disse e abriu os olhos. Olhou em minha direção. Estou conversando com Deus. E o sol faz bem. Já tenho 74 anos, a pele toda caída, esse calor esquenta um pouquinho.

Eu me senti pego numa travessura e não sei bem que cara fiz. Mas a idosa pareceu notar.

— Obrigado por sua preocupação. Mas estou bem. E vou descer na próxima parada. Andei muito por aí. Agora só viajo de ônibus, pra lá e pra cá. É a vantagem da velhice.

Ergueu-se, apanhou sua bolsa e desceu. Baixinha, media pouco mais de 1,50. Magra, olhos imensos e ouvidos super apurados. Frágil e gigante. Iluminada idosa.

A minha vizinha sorriu e comentou: — Ela te pegou com a mão na cumbuca. Rimos. E lembrei de Cecília Meireles: “Alguns dos melhores momentos da vida a gente experimenta de olhos fechados, tudo o que acontece dá para imaginar… Tudo o que se imagina, pode acontecer". Uma boa sugestão para os idosos nesses tempos difíceis.

Pós 60. Idosos. Porque a vida é bela e precisamos fazê-la melhor.

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