Insensatez
Foto: Wikimedia Commons
Na tarde do primeiro domingo de junho, Ernesto enganou a mãe, se juntou aos amigos do bairro de Santo Aleixo, em Jaboatão dos Guararapes (PE), e foi à praia. Ele acabara de completar 18 anos. Fase em que todos nos sentimos adultos o suficiente para saber o que devemos ou não fazer.
Os jovens pedalaram cerca de uma hora até o ponto da praia que Ernesto frequentava desde criança, com sua família. Agora, crescido, sabendo ir e voltar sozinho, ele repetia o passeio. Sabia a rota, conhecia o trânsito, estava pronto para o mundo. Não dava ouvidos às advertências maternas. Não precisava disso.
No domingo 3 de junho de 2018, Ernesto foi à praia pela última vez. Estava na hora de voltar, muito perto das 17 horas e ele deu seu último mergulho, na costa infestada de tubarões.
Naquele mesmo local, há sete semanas, também num domingo, outro homem fora mordido por um animal. Ernesto não deu importância aos vários ataques ocorridos na mesma praia e nas mesmas condições - mar aberto, águas turvas e frias, final de tarde. Do alto dos seus 18 anos, além de não ouvir a mãe, desconsiderou também as placas de advertência e os avisos dos bombeiros salva vidas. A mordida foi rápida e violenta. Levado ao Hospital, não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Investidas de tubarão
Os especialistas do Museu de História Natural da Flórida apontam três tipos mais frequentes de ataques. Nos ataques de bater e correr, os tubarões irão “atacar” os humanos por curiosidade, confundindo-os com alguma forma de presa mais comum.
Esses ataques ocorrem em águas rasas e pontos de surfe. O tubarão geralmente dará ao nadador ou ao surfista uma única mordida antes de recuar e frequentemente não retornará, tendo percebido que o humano é maior ou diferente de sua presa normal.
Ataques furtivos - Como o nome indica, esse ataque acontece sem aviso. Ao contrário dos ataques de atropelamento e fuga, acredita-se que ataques furtivos sejam resultado de alimentação ou agressão, em vez de erros de identidade.
Os ataques geralmente acontecem em águas mais profundas e geralmente envolvem uma série de mordidas ou ferimentos, muitas vezes fatais.
Ataques de colisão e mordida - Semelhante a ataques furtivos, estes geralmente ocorrem em mar aberto e tendem a envolver várias mordidas, porque a intenção do tubarão é atacar a vítima, ao invés de simplesmente investigar.
A diferença está no comportamento do tubarão. Ao invés de atacar inesperadamente, o tubarão irá circular a vítima repetidamente e esbarrar neles em um sinal de agressão antes de realmente atacá-los.
Humanos displicentes
É curioso observar o quanto nós, adultos, agimos de forma relaxada diante dos perigos. Há fumantes que simplesmente viram de costas as carteiras de cigarro para não ver as fotos com as consequências desse vício. E seguem dando suas baforadas. Pedestres preferem correr na frente dos veículos a esperar um minutinho a mais para atravessar em segurança. São dois dos muitos exemplos na nossa insensatez diante dos riscos desse vale de lágrimas. Infelizmente, somos assim.
A propósito, neste dia dedicado à Ecologia e ao Meio Ambiente, encerro com frase do cientista Albert Einstein: “A natureza quando agredida não se defende; ela apenas se vinga”.