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Dois ministros, o mesmo preconceito

Há exatos 16 anos, no dia 7 de fevereiro de 2003, o então ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva tropeçou no preconceito contra nordestinos.

Naquele dia, durante palestra a industriais paulistas na sede da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), o ministro do primeiro governo Lula disse o seguinte: “Temos que criar emprego no Nordeste, temos que gerar oportunidade de educação lá, temos que gerar cidadania lá. Porque, se eles continuarem vindo pra cá, nós vamos ter de continuar andando de carro blindado.”

O “esquerdista” José Graziano associou o aumento da violência, roubos e assaltos à migração dos nordestinos para os estados do sudeste.

Dezesseis anos depois, em fevereiro de 2019, outro ministro vai pelo mesmo caminho de humilhar a quem deveria apenas servir e respeitar.

Falo do atual ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez. Durante entrevista à revista Veja, o ministro declarou que “viajando, o brasileiro é um “canibal”. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola”, disse o ministro, ao tentar explicar a importância da volta da disciplina moral e cívica.

É curioso como se comportam exatamente iguais os dois ministros (muito importantes, diga-se de passagem) de governos com posições políticas aparentemente antagônicas, esquerda e direita. Quando falam o que pensam, externam o que de pior pode existir na alma de um cidadão.

É muito sugestivo que seja assim, por demonstrar como não passam de manipulações certos carismas, imagens que se vendem ao inocente público, mas caídas por terra quando os homens dizem o que de fato lhes vai na alma, independente da cor de sua bandeira.

Sintomático, também, que gente que pensa e age como eles só faça subir na vida, galgando cargos cada vez mais importantes.

O sr José Graziano ocupa hoje, segundo sites na internet, um cargo de destaque na Organização das Nações Unidas. Coitadas dessas nações.

O colombiano, como citado, é o manda chuva do Ministério da Educação do governo brasileiro. Pobres de nós.

Para responder ao preconceito dos dois ministros e nos vacinar contra seus discursos raivosos, podemos parafrasear Bernard Shaw: “Não tenho preconceitos, odeio igualmente aos dois”.

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