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Depois da tempestade

Interior, mulher, leitura. Pintura de Gustave Caillebotte, 1880

DIÁRIO DA QUARENTENA

O que será o amanhã, como vai ser o meu destino? A pergunta do samba gira em bilhões de cabeça, mundo afora. Ninguém sabe respondê-la. Há, tão somente, a certeza de mudanças profundas no modo de se fazer coisas triviais. Viagens, eventos, negócios, relações diplomáticas, comércio, alimentação, saúde, lazer, trabalho. Em tudo haverá mudanças profundas. Ou não. A se ver. Perdi a ligação com pitonisas e videntes, cujas bolas de cristal também se quebraram. Por isso, apelei para a opinião de especialistas de vários segmentos do conhecimento para saber o que poderá acontecer no futuro próximo. Professores, economistas, políticos, ambientalistas, analistas. E, mais uma vez ,vou de lista. Perdoem-me os leitores ávidos por uma crônica cheia de poesia e esperança. Hoje, infelizmente, não há clima. Ainda que haja na janela uma cigarra anunciando que poderá vir chuva, e que a noite chegará antes, trazendo um pouco de aconchego e paz, para que a gente possa sonhar com um sábado redentor. Voltando à vaca fria, como se dizia no tempo da vovó, eis um resumão do que li e ouvi dos doutores, que enxergam, não um porvir de esperança e liberdade, mas sim, um amanhã de tempestade, sem bonança depois.

Cenários pós Covid-19

  • A mobilidade entre países será reduzida. Todos começarão a exigir informações para saber se o viajante tem esse ou aquele vírus. Se antes pediam vários papéis por segurança política ou policial, agora precisaremos atestar o bem-estar biológico.

  • Alguns empregos serão bastante afetados. Palestras ao vivo serão reduzidas. Hotelaria e viagens sofrerão um duro golpe. Por outro lado, a comunicação e demais atividades no mundo virtual aumentarão bastante.

  • É bem provável que a vacinação em massa comece apenas em 2021. Até lá, talvez a maioria já tenha estado doente com coronavírus.

  • 2020 será um momento de mudança que a geração atual ainda não conheceu. Em 2021, quando, finalmente, uma vacina aparecer ou as pessoas se adaptarem a conviver com o vírus, o mundo corre o risco de não voltar a ser o que é hoje.

  • O coronavírus faz o que os ambientalistas de todo o planeta tentam fazer há mais de 50 anos: reduzir o consumo de petróleo. Até que a demanda comece a crescer, o preço do combustível inevitavelmente será baixo.

  • A globalização abriu fronteiras. Algumas semanas foram suficientes para fechá-las. O turismo de massa como forma de vida foi banido. A gravidade do golpe e dos riscos que correm os migrantes, ainda não foi totalmente avaliada.

  • Muitos negócios vão falir. Pequenas companhias aéreas, agências de viagens, hotéis, teatros, redes de filmes, prestadoras de serviços. E tudo o que falir será comprado bem barato e depois vendido por muito dinheiro. Será uma operação financeira em larga escala. Desse modo, países inteiros serão arruinados.

  • Haverá digitalização de todos os serviços. E controle policial mais sutil, à distância, silencioso e oculto. Redução da mobilidade física.

  • A relação dos políticos com a sociedade terá que mudar. Não haverá mais espaço para enganação, populismos.

  • Em todos os países há muitos exemplos do poder espiritual e da bondade humana - médicos, enfermeiros, líderes políticos e cidadãos comuns demonstram forte resiliência, eficiência e liderança. Isso dá às pessoas em todo o mundo esperança de que venceremos esse desafio extraordinário.

  • Já entendemos claramente que a pandemia não acabará antes que a maioria da população mundial seja imunizada (e isso leva cerca de dois anos) ou que uma vacina eficaz apareça (de nove meses a um ano). Ou, milagrosamente.

  • As instituições e empresas on-line que se fortalecerem durante a quarentena absorverão aquelas off-line, e que ainda tenham algum valor.

  • Haverá prudência na realização de grandes encontros,com impacto nas diversas religiões. Poderá enfraquecer igrejas, que nunca mais serão as mesmas.

  • Acima de tudo, haverá exigência por mais e melhor saúde.

Vamos ver. E bom final de semana.

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