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As enfermeiras merecem muito mais





Por: Paulo Silva



Ao meio-dia de uma quinta-feira ensolarada, o Hospital Getúlio Vargas, no Recife, é um frenesi de atividade. O estacionamento da emergência está cheio de acompanhantes, ambulâncias e carros de médicos. Sob as árvores antigas e frondosas do pátio de pedras, uma manga cai e um acompanhante magro e idoso se apressa para apanhá-la. Três enfermeiras, cansadas mas persistentes, caminham pelo estacionamento, trocando comentários desanimados enquanto acendem seus cigarros.


A mais experiente, com olhos belos e ternos, conta que uma paciente faleceu no início da manhã. Sua voz é arrastada e melancólica, e a sua pele morena faz um contraponto elegante ao jaleco branco. A mais alta das três enfermeiras menciona uma moça com problemas pulmonares que foi encaminhada para o Hospital Otávio de Freitas por suspeita de tuberculose. Ela dá uma longa tragada em seu cigarro enquanto fala, e a luz vermelha da brasa reflete em seus óculos de sol. A terceira enfermeira, de dentes alvos e cabelos em tranças, toma o cigarro da colega e comenta que a tuberculose está se tornando um grande problema no hospital, com um ou dois novos casos a cada dia.


Enquanto conversam, elas observam com um ar displicente a multidão de pessoas pobres sentadas nas calçadas e meio fios, esperando horário das visitas ou do atendimento ambulatorial. Elas sabem que têm muito trabalho pela frente, e que a tarefa será árdua, mas continuam firmes em sua missão de ajudar a todos que precisam. Com seus esforços, elas fazem uma grande diferença nas vidas daquelas pessoas.


O Hospital Getúlio Vargas, gerido pelo Governo do Estado, foi fundado em 1953 e tem uma capacidade de 490 leitos. Com mais de 3 mil trabalhadores, o HGV realiza mensalmente mais de 2.200 atendimentos de emergência, 1.100 cirurgias e 2.100 internamentos, além de mais de 4 mil consultas ambulatoriais. As enfermeiras são uma parte fundamental dessa equipe, e a conversa que flagrei na véspera do Dia das Enfermeiras é um pequeno retrato da dedicação, carinho e admiração que elas têm pelo trabalho que realizam.


Ao sair do hospital, ouço uma acompanhante encostada na parede, conversando com um parente. Ela diz: "Só espero que o Getúlio nunca seja privatizado. Bem ou mal, se alguma coisa acontecer com a gente, sempre sei que por aqui estou em boas mãos".


Sei que esta homenagem que faço às enfermeiras é mais do que singela. Simplória até, eu diria. Mas é sincera. Elas são uma força vital em nosso sistema de saúde e devem ser celebradas por seu trabalho incansável e dedicado.


Parabéns, Enfermeiras e Enfermeiros do Brasil!

Que todos os brasileiros pensem e torçam por vocês, não apenas neste 12 de Maio!

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