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Metrô do Recife: sucata em movimento

Por Paulo Silva






No dia 2 de julho, o presidente da República anunciou a liberação de R$ 136 milhões do PAC para melhorias no Metrô do Recife. O ministro das Cidades, Jader Filho, por sua vez, já alertou que não há previsão para a liberação desses recursos. Por enquanto, contentem-se com a promessa, pareceu dizer o ministro, com o sorriso característico dos políticos e tecnocratas.


O metrô tem deteriorado dia após dia, prejudicando a qualidade do serviço prestado às 400 mil pessoas que o utilizam diariamente. Atendendo 14 cidades da Região Metropolitana, conta com 36 estações distribuídas em três linhas e é o terceiro maior do país, conforme relatam os jornais.


O preço da passagem, atualmente R$ 4,25, é considerado alto pela maioria dos usuários. Para muitos, que já enfrentam o suor do trabalho árduo para garantir o sustento, a realidade no metrô é um acúmulo de sofrimento: calor, aperto constante, atrasos frequentes, superlotação e falta de ar-condicionado. E quando o sistema falha, a situação se torna ainda mais dramática, com usuários obrigados a descer no meio do nada e seguir viagem a pé, literalmente sobre os trilhos.


A situação do metrô parece um trem virado. Feia pra dedéu. Inicialmente, o dinheiro foi solicitado pelo governo estadual para a compra de dormentes de concreto. Agora, com a promessa de liberação ninguém sabe quando, espera-se que sejam investidos em medidas urgentes, como a modernização de três subestações de energia, a substituição de 9,5 quilômetros de rede aérea e a aquisição de três máquinas especiais para manutenção da via, entre outras iniciativas que buscam reduzir a degradação do sistema.


O problema do transporte público em Recife afeta todas os tipos de transporte. Segundo o Relatório Global sobre Transporte Público (Moovit, 2023), Recife é a cidade onde os passageiros mais esperam pelo transporte público no país, com uma média de 27 minutos. Os problemas envolvem não apenas as vias e as estações, mas também os equipamentos de manutenção. Se e quando os recursos do PAC chegarem, será como uma pequena gota em um oceano de sucata. Para que o metrô volte a operar como deveria, estima-se que seriam necessários quase R$ 2 bilhões. Ou seja, por enquanto tudo continuará na mesma: o metrô quente, sujo e quebra. As estações deterioradas e inseguras. E as autoridades, comemorando as promessas.

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