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Um Carnaval diferente

A semana pré-carnavalesca, nem tão antigamente assim, já era o próprio Carnaval. As ruas do Recife ferviam com as troças, blocos, caboclos, papangus, Frevioca, maracatus, ursos. Mas, veio o que chamam de "progresso" e acabou o que era doce. Primeiro, a unificação dos costumes em nível nacional, através da tevê, ceifou as tradições e a cultura local. O recifense passou até a "gostar" e torcer por escola de samba, relegando a segundo plano a sua riquíssima cultura representada por Pás Douradas, Vassourinhas, Bloco das Flores, e tantas outras lendárias e belíssimas agremiações que qualquer País sério do mundo faria tudo para preservar, cultuar e tratar com o maior carinho.


Depois inventaram um tal de carnaval multicultural, vendido como "modernismo de esquerda", mas que não passa da radicalização de tudo que disse acima, com embalagem modernosa e pago a peso de ouro com dinheiro do povão. Artistas duvidosos que nunca haviam visto uma sombrinha de frevo passaram a ser convidados a cantar nos palcos da cidade, pagos antecipadamente e com altos valores, enquanto os músicos e passistas recifenses passam meses sem receber o dinheirinho suado.


Em detrimento do Carnaval de rua, criaram polos para a grana circular nas mãos de poucos, fragmentando a folia que virou festival noturno de música de todos os rimos, inclusive daqueles que nada tem a ver com aquele que já foi o melhor Carnaval do mundo, mas até isso conseguiram estragar.


Em seguida, um conhecido galináceo, que nasceu pequeno e inofensivo, foi alimentado por essa indústria dos eventos até se tornar gigantesco e passar a comer, sozinho, todos os milhos do terreiro. Esse exagero de gente, que a mídia do esquema exagera ainda mais, afastou muita gente do Carnaval do centro da cidade (sou um deles) e acabou com a folia espontânea do sábado de Zé Pereira.


E pra completar, nesse ano não haverá Carnaval. Não haverá, vírgula. Sei que em muitas casas do Recife o frevo estará tocando, alguém estará fantasiado e tomando uma pra brincar e torcer para que isso tudo acabe logo.


Para animar o fundo musical, vai aí do lado o Lp do Quinteto Violado, Frevo ao Vivo, gravado no Teatro Santa Isabel em 1974. Disco fundamental que Marcus Pereira produziu e gravou para a posteridade. Ainda bem.


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